segunda-feira, 2 de junho de 2008

LIGHTSPEED CHAMPION + YOUNG MARBLE GIANTS + VAMPIRE WEEKEND + THESE NEW PURITANS, Clubbing, Casa da Musica, Porto, 30 de Maio de 2008

Incompreensivelmente, quando Devont Hynes e companhia entraram na sala grande da CDM à hora marcada, não deviam estar sentadas mais de 50 pessoas. Para uma banda em começo de carreira não deve ser fácil enfrentar um fabuloso auditório despido de entusiasmo, mas os Lightspeed Champion parecem não se ter importado. Embalados pelo violino de Mike Siddel, arrancaram para quarenta minutos de pop sóbria que as boas companhias (de Bright Eyes a Final Fantasy) tem ajudado a vingar. Lá para o fim choveram pedidos ("Midnight Surprise" ou "Galaxy of the Lost"), que já tinham sido devidamente tocados no ínicio. “Deviam ter vindo mais cedo” respondeu ironicamente Hynes. Seguiram-se, para terminar, dez minutos apoteóticos de uma espécie de StarWars Jam. Agora sim, a sala estava cheia.

Ver os Young Marble Giants num palco parece mentira! Esta primeira mini-tour desde 1980 (o vespertino concerto de Vigo, Porto e Barcelona no sábado) é um período de férias familiares, a única forma de conjugar empregos e filhos, que tinham ficado tranquilamente a dormir. O bem estar transpareceu na simpatia, bondade e calma com que a banda se apresentou. Para além de Alison Statton, de vestido bem colorido e veraneante (chocante para alguns puristas dark?), aos irmão Stuart e Phil Moxham junta-se agora na bateria um outro irmão, Andrew. Desde o primeiro tema (Searching for Mr. Right?), o tempo parece ter parado. A voz pausada, o baixo inconfundível, a guitarra em slide e a bateria/caixa metrónica causam o mesmo efeito de há quase trinta anos atrás – atmosfera relaxante, simples, intemporal que fez de “Colossal Youth” um disco eterno. Não há, e ainda bem, lugar a subterfúgios ou truques. Alguns chamam-lhe minimalismo pós-punk, mas recordar “Brand-new life”, “Choci Loni”, “Wurlitzer Jukebox” ou os repetidos “Music for evenings” e “Include Me Out” é para nós simplesmente música afectiva. Entre esses afectos faltou o instrumental “The Clock” (que servia de separador a uma rúbrica do Som da Frente do António Sérgio) mas um outro, o líndissimo “N.I.T.A.” enterrou-nos ainda mais na cadeira... No final, conversa simpática com todos a um canto da sala e o “Colossal Youth” devidamente autografado! Inacreditável, mas saboroso.



Sem respirar, subimos à Sala2, mesmo a tempo do tiro de partida – I see a Mansard Roof through the trees... A festa não mais parou. Os Vampire Weekend, apesar do hype, são (também) ao vivo um caso sério. Tocaram o disco de estreia de fio-a-pavio de forma electrizante, segura e eficaz. Onze temas delirantes que toda a sala conhece, que terminou em “Walcott” em versão chuva de estrelas, com dezenas de canetas de luz laranja que o patrocionador destribuiu à entrada do recinto a serem arremessadas, perigosamente, para o palco. Não sabemos se a banda gostou ou não, sendo certo que o encore previsto não se realizou... O verão aproxima-se, os Vampire Weekend vão voltar, e pelo andar da carruagem, devem receber nessa altura um merecido disco de ouro (ainda existem?) de vendas... ou downloads. Tal como aconteceu há uns anos atrás com os Franz Ferdinand no Sudoeste, ficou aquela boa sensação de os ver no sítio certo na altura certa. Good vibes!

Para encerrar a noite... os These New Puritans. Começaram com “Numerology” mas as contas não estavam a bater certo. Faltavam os sintetizadores de Sophie Sleigh Johnson, vertente feminina que tinhamos testemunhado num “Tracks” do canal ARTE. Reduzidos a trio, o comandante Jack Barnett, de colete romano (?) e tudo, liderou um concerto consistente, intenso e eficaz. A banda tem um enorme potencial e temas como “Swords of Truth” e “Elvis” fazem mossa em qualquer pista de dança. Também muito bom, no melhor Clubbing que passou pelo cubo.

NOTA: as incongruências da CDMúsica (ainda) continuam! As senhas de bebidas não dão para todos os bares, as fotografias podem-se tirar numa sala mas já não em outras (não há por isso imagens de YMG ou LightSpeed..) e a concentração de seguranças disfarçados por m2 não faz nenhum sentido. Já agora, as tais canetas de luz são, como ficou provado, o maior perigo. Mas como são autoria do patrocionador, não requerem autorização!

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