quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

(RE)VISTO #22


DIXIE CHICKS: SHUT UP & SING
de Barbara Kopple, Weinstein Company, 2007
"Just so you know, we're ashamed the president of the United States is from Texas".
Estas palavras de uma das vocalistas das Dixie Chicks proferidas durante um concerto em Londres em Março de 2003, no auge da contestação à Guerra no Iraque, tiveram consequências imprevistas na conservadora América. O grupo country norte-americano não pediu desculpas públicas a Bush e foi banido de algumas das principais rádios, os seus discos queimados em fogueiras públicas, transformando um dos principais fenómenos de vendas nos E.U.A. em alvo de contestação e acusação de traição! Este filme documentário traça os diversos momentos de toda esta polémica, acompanhando o jogo de parada e resposta que a imprensa americana, principalmente a televisão, acompanhou de perto, incitando ou denunciando novos desenvolvimentos. Nunca ouvimos até aqui uma única canção das Dixie Chicks e não conhecemos nenhum dos seus álbuns. Apercebemo-nos que são na América um dos casos mais sérios de popularidade entre os cidadãos comuns, tendo tido este caso, por isso, uma repercussão assinalável na sociedade do país. O filme acompanha de perto a união que as três raparigas do grupo mantiveram durante o processo, as estratégias da editora e do seu managment, as pressões sentidas e o apoio indispensável da família. Brilhante a forma que a realizadora nos mostra os diferentes retratos e estados de espírito do trio feminino, no limite da separação e da desistência. No filme, surgem alguns personagens inesperados como o (grande) produtor Rick Rubin, o baterista Ched Smith dos Red Hot Chilli Pepers e até o, na altura, Senador McCain que comandou um inquérito público ao caso! À boa maneira americana tudo acaba bem, com vitórias nos Grammy, a presença nos Superbowl de 2007 e o regresso a números uns de vendas, mas sem que o grupo não tenha sofrido algumas mazelas, quer na persistente proibição da sua música em algumas rádios quer no abandono de muitos fãs. Sem quase nos apercebermos se estamos perante um documentário ou um filme ficcionado, este é um retrato só possível nos Estados Unidos de Bush, onde a liberdade de expressão foi (é?), por vezes, um conceito ainda muito mal tratado.

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