quarta-feira, 24 de março de 2010

PORTICO QUARTET, Espaço Cult. Pedro Remy, Braga, 23 de Março de 2010


Uma folha colada na porta avisava: lotação esgotada! Alguns, desistiram desiludidos, outros, como nós, ficaram pelas imediações, sondando hipóteses e insistindo. A persistência acabou por dar frutos e, ainda durante o primeiro tema do concerto, lá acabamos por conseguir a entrada. O espaço, um misto inovador de cabeleireiro e galeria de arte, tem por principal atracção um pequeno auditório, sem palco, onde se juntam público, músicos e os seus instrumentos. A visibilidade é, pois, sofrível para quem chega tarde, mas o ambiente que, numa primeira impressão, se estranha, rapidamente se entranha. É a música, contudo, a razão principal da enchente, que mais facilmente nos seduz. Há um clássico contrabaixo, uma bateria e saxofone, a que se junta um já famoso hang tocado por Nick Mulvey, um instrumento recente e hipnotizante. O conjunto percorre diferenciados trilhos atmosféricos, mas há por ali um cunho e um fio melódico surpreendente que mistura Glass e alguma da pop que os Cinematic Orchestra tão bem experimentaram. Habituados a tocar na rua ou em pequenos clubes, o quarteto não se intimidou e arrebatou a plateia com temas do último disco "Isla", um compêndio sonoro de altíssima qualidade, mas houve espaço para alguns improvisos e temas mais antigos. Realce para a brutal segunda parte, depois de um intervalo para uma bebida e um cigarro no jardim, que acabou por convencer tudo e todos. Um concerto extraordinário, num espaço, que apesar de pequeno, é grande em simpatia e acolhimento. O espectáculo repete hoje num também esgotado Auditório de Espinho. Não desistam...

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