sexta-feira, 16 de julho de 2010

(RE)LIDO #23


CBGB, DECADES OF GRAFFITI
introduction by Richard Hell; text by Christopher D Salvers; photographs by John Putman. Nova Iorque, Martin Batty Publisher, 2006

Se ouvirmos falar de Country BlueGrass Blues a reacção é de indiferença. Mas se à expressão retiramos as iniciais e as juntarmos sob o nome de CBGB, claro que queremos saber sempre mais. Desde os tempos de liceu, quando um colega de turma envergava orgulhosamente uma t-shirt negra com estas maiúsculas, que o mito sempre nos fascinou. Para qualquer aficionado de rock & roll, o clube nova iorquino era uma meca geracional que fez crescer os Talking Heads, os Ramones ou os Blondie, mas que, infelizmente, nunca tivemos possibilidade de conhecer. Desde 1973, o CBGB, local onde não cabiam mais de 350 pessoas, recebeu milhões de rockeiros e não só, atraídos pelo ambiente, pela pacatez do espaço e, acima de tudo, pelas bandas que lá tocavam. Uma maioria, fiel à tradição, deixou inscritas no local milhares de mensagens, tags ou desabafos que perduraram no tempo. Este livro, editado em 2006, ano em que o clube encerrou portas, faz o registo para a posteridade dos tectos, paredes e soalhos das diversas salas, desde o palco às míticas casas de banho, onde se amontoaram, sobrepostas, múltiplas expressões e autocolantes. Há de tudo, desde dísticos banais ("Rock is Dead") a verdadeiras pérolas pós-modernas ("My father kill Kurt Kobain"), num fenómeno visual repelente para alguns mas que é, sem dúvida, um pedaço de património da música moderna. Apesar do encerramento polémico, o clube mantêm o site oficial, numa história intensa e ainda activa. As tais t-shirts continuam à venda e uma imperdível e espectacular viagem virtual pelo interior foi entretanto disponibilizada. Sinónimo do seu peso patrimonial, recordando as dezenas de álbuns e concertos gravados no seu interior, há também um documentário estreado em 2009 e que terá, em breve, edição em DVD.

2 comentários:

karmatoon disse...

Orgulhosamente posso dizer-te que estive lá - numa tarde, logo sem concertos - e que o ambiente e o espírito é tudo aquilo de que se fala. Se soubesse tinha trazido uma t-shirt para orgulhosamente a passeares pelos concertos e festivais.
Abraço

José Miguel Neves disse...

Vi-te na TVI a tomar café...