sexta-feira, 17 de setembro de 2010

(RE)VISTO #34


ODDSAC,
de Danny Perez e Animal Collective (2010)

Auditório de Serralves, 16 de Setembro de 2010

Juntando-se ao grupo de cidades privilegiadas com uma projecção em sala, o Porto acolheu ontem no Auditório de Serralves o último delírio dos Animal Collective. Casa quase esgotada, público expectante mas, sinceramente, sem saber muito bem o que ia ver. Uma folhinha de sala não tinha ficado nada mal...
A colaboração do realizador Danny Perez com os Animal Collective, que demorou quatro anos a concretizar, é de resultado, obviamente, não consensual. Os cinquenta e cinco minutos da película podem, no nosso entender, ser validados, pelo menos, em três perspectivas.
Assim, "ODDSAC" podia ser uma instalação sofisticada de um qualquer artista contemporâneo, encomendada por um museu ou adquirida por uma boa maquia por um qualquer magnata e incluída num percurso expositivo aleatório. Desta forma, podíamos ver o resto da mostra e voltar a qualquer momento ao filme, tal como fazemos tantas vezes no próprio Museu de Serralves.
Podia ser um enorme videoclip, um "álbum visual" como lhe chamaram os próprios Animal Collective, uma experiência manipulada de imagens alucinadas que fazem sobressair a música. A este nível, "ODDSAC" não desilude e os temas inéditos escritos pela banda são, na maioria dos casos, brilhantes exemplos de experimentalismo. Como o tal "álbum visual", podemos dizer que os objectivos foram plenamente alcançados.
E podia ser ainda um filme com uma banda sonora o que, no fundo, "ODDSAC" é. À mistura de filmagens reais (a sequência da canoa é particularmente bela) e de saturação psicadélica a la Syd Barrett, juntam-se os sons e os ruídos, o que, projectado em sala, alcança facilmente uma dimensão de cinema denso e dark. No suposto argumento, que nunca se concentra, propositadamente, demasiado tempo nas cenas, há algo de creepy, de filme de terror, entre
cogumelos alucinogénios e luz do sol que mata.
Aberto a interpretações diversas, o filme chega ao fim sem sabermos muito bem o que aconteceu. Coincidência, ou não, o último tema da banda sonora chama-se "What Happenned?"
...


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