terça-feira, 12 de junho de 2012

PRIMAVERA SOUND PORTO: UM BALANÇO



O MAIS:

1. o Parque da Cidade, uma paraíso natural que devidamente protegido é quase imbatível para este tipo de evento;

2. o regresso dos grandes festivais de música à cidade, uma aspiração antiga agora com pernas para andar e crescer sustentadamente;

3. parece um chavão anti-crise, mas as potencialidades e mais valias trazidas para o Porto com este evento são visivelmente enormes, com multiplas vantagens e devem ser agarradas com unhas e dentes pelas diversas entidades locais envolvidas;

4. os repetidos elogios, queremos que sinceros, da maioria das bandas ao sítio, público e ambiente a que Wayne Coyne chamou "o melhor festival do mundo", palavras corroboradas até pelo sempre ácido e contido Jeff Tweedy;

5. a funcionalidade do espaço, na medida certa, a que se junta uma sobriedade cenográfica minimal mais que suficiente e bem feita;

6. a multiculturalidade do público, o que proporciona um evento em ambiente salutar sem pressões e com direito até a copinhos de vinho, sangria e boa cerveja. Só faltaram nalguns momentos uns canapesinhos...

7. o parque de bicicletas e o incremento da sua utilização, para além da proximidade da rede de metro próxima e do sistema de autocarros implementado. Da nossa parte, para o ano, é mesmo desafiante chegar lá e regressar via Freixo-Foz-Freixo a dar aos pedais...

8. o preço dos bilhetes que, se comprados a tempo, se tornam baratos, atendendo à qualidade e quantidade de bandas e artistas no alinhamneto. De olhos fechados, compravamos hoje o acesso para o proximo ano!

9. a experiência quase esquecida de voltar para casa logo a seguir aos concertos para repouso imediato, sem viagens, auto-estradas, portagens ou bombas de gasolina;

10. o Palco ATP, o mais bonito do mundo, um espaço doutra galáxia, em declive como os outros mas rodeada de um arvoredo quase geométrico. A merecer melhor "aproveitamento"...

e o MENOS:

1. a chuva, claro, que na Primavera em clima Atântico é sempre imprevisível. Dispensável, mas não há nada a fazer;

2. a variedade de oferta de alimentação, tão igual a todos os outros festivais e que merecia outras opções e soluções. Mesmo assim a carne argentina parece ter sido um sucesso, que o diga o comilão Erlend Oye...

3. como frisado pelo nosso parceiro destas andanças, a contradição de estar dentro de um recinto de um festival numa fila (à chuva) para obter bilhetes para o mesmo festival, acumulando impaciência e perdendo certamente bons concertos a decorrer ao mesmo tempo. Junta-se a tacanhez dos avisos em folhas A4 afixados na véspera, sem aviso sonoro ou outro. A rever obrigatoriamente;

4. todos aqueles e aquelas que à última da hora invadem as filas da frente sem pedir licença, abusando da boa vontade e que põem à prova a paciência e contenção de quem lá está. É um clássico festivaleiro, mas merece combate e, acima de tudo, pedagogia;

5. o som de alguns palcos incompreensivelmente desalinhado e quase indesculpável. Os primeiros quinze minutos dos Wilco só com o som de palco pareceram-nos uma eternidade;

6. a sobreposição de concertos e a sensação que passamos ao lado de "aquele" espectáculo trocado por um outro de menor intensidade. Foi e será sempre assim;

7. os cancelamentos em cima da hora são sempre desagradáveis mas o dos Death Cab For Cutie, banda que há anos estava na nossa lista de notáveis, caiu muito mal. Ficamos à espera, como prometido, da respectiva compensação;

8. o chorinho contínuo de Wayne Coyne, o amor, Portugal, somos os maiores e os múltiplos "I love You's". Ok, agradecemos mas não é preciso exagerar!

9. a nossa geração, ou seja, os quarentões do Porto e não só, sempre muito críticos em relação à falta de festivais na cidade e tal e coisa e depois ninguém os vê. Pelo menos o Jorge Romão, o Miguel Ângelo ou o Adolfo Luxuria Canibal não ficaram em casa e deram o exemplo...

10. porque é que os nossos amigos espanhóis falam tão alto?

1 comentário:

JTeixeira disse...

Balanço PSound2012

A lamentar:

1) Anúncio de um cartaz para 4 dias que na realidade se resumiu a 3 para a maioria privando-os de assistir a alguns concertos;
2) A não utilização da estrutura existente de acesso à bilheteira para distribuição dos bilhetes para a Casa da Música;
3) As muitas horas e filas para levantamento de bilhetes para domingo que impediram usufruir dos concertos entretanto a decorrer;
4) A interdição de entrar com alimentos privou todos os que não podiam/queriam recorrer às barracas alimentares do recinto;
5) O amontoado de alimentos que tiveram que ficar nos caixotes à entrada (destino: lixo?);
6) A perigosidade dos cálices (em vinil) e garrafas de vinho “Douro Boys” (1º dia) que circularam pelo recinto;
7) O não ter sido acautelado (atempadamente) que não chovesse nos palcos/tenda e estes se inundassem; cancelamento de DCFC – 100% culpa da “organização”
8) A falta de higiene por parte do público que não merecia as boas condições naturais oferecidas pelo parque.

A rever:

1) Interferências sonoras entre palcos;
2) Afetação mais cuidada/dimensionada dos artistas aos palcos;
3) Avaliar criteriosamente e impedir a entrada/circulação do que se revele efetivamente perigoso (guarda-chuvas e outros “metais” ?);
4) Dispersar barracas alimentares à semelhança das de bebidas;
5) Melhorar a redistribuição de contentores para resíduos;
6) As entradas/saídas do recinto (funcionalidade do cartão ?);
7) Qualidade sonora de alguns dos concertos;
8) Renovação das condições (esvaziamento) dos sanitários.

A destacar:

1) O cartaz (inicialmente) apesar das alterações/cancelamentos;
2) As boas condições naturais oferecidas pelo parque;
3) As localizações dos 3 palcos (exceção da “tenda” Club);
4) Acessibilidade ao recinto;
5) Voluntários.

jmateixeira