sexta-feira, 30 de maio de 2014

MARK EITZEL, Auditório de Espinho, 29 de Maio de 2014

Foto de Duarte Silva


Foto de Duarte Silva


























São já mais de trinta os anos de canções. São já muitos os altos e os baixos de uma carreira nem sempre reconhecida, mas onde a persistência tem servido continuamente de combustível inspirador. É certo que Mark Eitzel faz dela uma bandeira de resistência admirável que se reflecte nos discos que continua a editar, mas é em cima do palco que ela é desfraldada e agitada a todo o pano para gáudio de alguns fãs, nem sempre muitos, mas reconhecidamente fieis. Ontem, mais uma vez, confirmou-se a história. Em nítida fase positiva, longe de tempos de auto-comiseração e flagelo, deu gosto ver Eitzel sorridente, contente até, ao lado de um trio-banda que o envolve e respeita perante uma plateia de auditório quase completa e onde, notoriamente, muitos se estreavam para o ouvir. A voz, aquela voz, continua forte, sedutora e a não precisar de qualquer amplificação para contar, em canções, histórias de vida e de vidas. O mote de embalo foi dado com "What the World Holds Together", tema enorme que inicia as "The Konk Sessions", o disco europeu editado recentemente e onde o artista recria alguns clássicos e novos temas de forma quase jazzy. Mão no bolso do casaco, microfone ora perto ora longe da boca, seguem-se "Mission Rock" e "Apology For An Accident", assim, de enfiada, para nos atirar para canto sem demoras. Não faltaram, como sempre, comentários introdutórios, ora sarcásticos, ora confessionais, que podem ir do feitio dos sapatos, ao que esconde o título "I Love You But You're Dead", às desgraças que inspiraram "Why I'm Bullshit" ou o elogio traiçoeiro da cidade de Espinho traduzido no remoque "I love this city, is so depressing"! Quando ao trio de baixo, bateria e piano se juntou a guitarra do próprio, a leveza das canções saiu nitidamente prejudicada em alguns momentos mas Eitzel não quer e não quis saber. Há que perseguir o arrebatamento. Antes dos encores, "We All Have to Find Our Own Way Out" como que adiava uma despedida e enfiava a carapuça a alguns dos presentes a quem Eitzel prometeu retribuir o dinheiro da entrada por notório fastio. Nada disso, que faltavam, ora bem, dois incontornáveis clássicos cantados como se não houvesse amanhã: "Firefly" e "Western Sky" a tal canção que nos "lê a mente" e nos manda soletrar "Time for me to go away/I'll get a new name, I'll get a new face/Time for me to go away/No I don't belong in this place...". A luta continua mais logo em Guimarães.

Fotografias de Duarte Silva.
Full concert cortesia HugtheDJ.

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