quinta-feira, 5 de maio de 2011

MGMT, Parque da Cidade/Queima do Porto, 4 de Maio de 2011

O dia pós-cortejo, quarta-feira, costumava ser, no nosso tempo, o momento mais calmo da celebração semanal. A festa era, então, disputada e dividida por várias discotecas da cidade (Twins, Number One, Indústria...) e o acesso a alguma dose suplementar de alcool tinha preços proibitivos. Agora e desde que a queima se realiza em regime de concentração e quase de bar aberto, parece não haver dias "fracos" e a prova foi o mar de gente que se juntou na frente do palco do chamado "Queimódromo" para assistir ao milagre de ver os MGMT no Porto. Rock denominado de psicadélico para uma juventude efusiva parecia algo de arriscado, mas o concerto acabou por se revelar bastante interessante e positivo. Doseando e intercalando temas dos dois álbuns até agora gravados, a banda conseguiu, com competência e sem artifícios escusados (p.ex. palminhas, diálogos e comentários elogiosos à cidade ou ao país), agarrar uma multidão bem disposta e até conhecedora da maioria das canções. Claro que o som não foi o melhor, mas não se concretizaram os rumores antigos de que os MGMT eram ao vivo um flop técnico e sonoro. Nitidamente já bastante rodados, os cinco músicos em palco assumiram uma setlist escolhida a dedo para a ocasião festiva. Ao terceiro tema já "Time to Pretend" agitava os músculos e punha as gargantas a gritar em uníssono um mais que apropriado "This is our decision, to live fast and die young/We've got the vision, now let's have some fun", mas o delírio colectivo haveria de acontecer, já perto do final, quando os primeiros acordes de "Kids" se misturaram com o acabar do fantástico "Siberian Breaks" e os seus doze minutos psicadélicos e que foi apresentado, sarcasticamente, como uma canção para festivais. Percebendo a agitação, o núcleo duro da banda, o vocalista VanWingarden e o teclista Ben Goldwasser, desataram a correr para o fosso que os separava da multidão ruidosa, para celebrar condignamente o momento ("Control yourself/Take only what you need from it")... Para trás, "Electric Feel" tinha, na altura certa, preparado o terreno e o encore final, encerrado com "Brian Eno", levou a uma ainda maior, como se fosse possível, correria às barraquinhas / barracos de líquidos. Atendendo à relação qualidade preço (7€), um concerto que, este ano, será muito difícil de igualar. 

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