segunda-feira, 4 de julho de 2011

SHARON JONES AND THE DAP-KINGS, Casa da Música, Porto, 3 de Julho de 2011































A fama vinha de longe. Concertos arrasadores, um som puro sem corantes nem conservantes, soul e funk sem idade nem subterfúgios de que os discos são uma prova inequívoca e uma cantora e performer imbatível na voz e energia. Por terras lusas o colectivo tinha já feito estragos há precisamente seis anos no Santiago Alquimista lisboeta e no SBSR do Meco de 2010, não sendo por isso estranho que a sala grande da Casa tenha quase esgotado (o preço do bilhetes também ajudou) para receber tamanho vendaval. Quando Sharon Jones entrou em palco, ao fim de alguns momentos de aquecimento para por a máquina Dap-Kings a rolar, já a plateia tinha ordeiramente ocupado a frente e laterais do palco, respondendo ao convite nada subtil do mestre de cerimónias Binky Griptite. As cadeiras serviam só para pousar casacos e outros adereços inibidores à dança e suor e Miss Jones tomou, então, as rédeas do espectáculo. Frenética, provocadora, levou pela mão três sortudos para o palco, um tímido, os outros a responder à letra (ver video abaixo de "100 Days, 100 Nights"), dançou de mil maneiras com e sem sapatos, tratou de nos pôr a rir em "Mother don't like my man", estendeu a pista de dança a alguns até cima do palco em "Better Things" e, acima de tudo, confirmou o seu enorme talento natural para cantar. Em "Longer and stronger", tema que celebrou o seu 50º aniversário, confessou "that's how I live / the more I get, the more I got to give", o que atendendo ao que vimos e ouvimos ontem à noite só pode ser verdade. A máquina Dap-Kings claro que facilita todo este ritmo, funcionando como uma espécie de motor de explosão, sempre fluído mas que reage ao mínimo sinal de comando. Notáveis, o baixo no feminino da israelita Hagar Ben Ari, que substituiu Gabriel Roth, um dos mentores mais antigos do colectivo, o cintilante duo de soul sisters, o trio de metais onde o trompete de David Guy fez furor ou a calma estilosa do baterista Homer Steinweiss. Já no encore, a versão que soltaram do clássico "Soul Finger" dos Bar-Kays são a prova do prestígio que alcançaram junto de Mark Ronson, David Byrne ou Al Green. Uma noite memorável de música e diversão, que terminou nos corredores da CDM entre autógrafos, fotografias, abraços e beijinhos e uma Sharon Jones ainda acelerada, bem disposta e cuja simpatia não teve limite. Se por ali houvesse um microfone para lhe pôr nas mãos, certamente que a festa não teria fim. Afinal, o funk é memo bom!     





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