domingo, 1 de fevereiro de 2015

JP SIMÕES, Cine-Teatro Garrett, Póvoa de Varzim, 31 de Janeiro de 2015















Um acaso levou-nos ontem ao renovado Teatro Garrett na Póvoa de Varzim. Para lá chegar, no entanto, qualquer forasteiro deve contar com um contratempo típico do nosso país - a falta de indicações. O espaço na sinalética citadina é como senão existisse apesar de ter sido inaugurado há mais de seis meses, lacuna que bate certo com a falta de divulgação do evento... Adiante! Espaço sóbrio, acolhedor, bonito no ripado de madeira que cobre as suas laterais e um jogo de luzes eficaz, proporcionaram à plateia quase cheia uma noite de regalo. Como sempre, JP está em fase de transição e a desculpa inicial de se ter esquecido do "caderno das piadas ou desapontamentos" só podia ser um bom sinal. A seriedade com que encarou um primeiro tema instrumental, escrito, soubemos mais à frente, para uma peça de teatro, logo deu lugar ao esperado palavreado corrosivo e sempre inesperado entre canções e que pode referir-se a diversas aventuras amorosas, corrupção, religião ou, como foi o caso, ao Brasil, país irmão amado e também fonte inspiradora de sarcasmo. Notou-se a falta de alusão a um tal "Syriza" ou até à data revolucionária de 31 de Janeiro... é o que dá não ter levado o copo de vinho para o palco! Versões, saborosas, foram quatro: "Eleanor Ribgy" dos quatro de Liverpool, "La Javanaise" de Gainsbourg, a "Inquietação" maravilhosamente roubada ao José Mário Branco e o arrepiante "Tatuagem" de Buarque para que não restassem dúvidas que JP é também coisa séria de talento. Nos originais a escolha foi abrangente: de "You and I" a "La Strada" passando pelo inédito (?) "Chão das Cidades", "Dança da Chuva", "Homem Pássaro" e "Gosto de Me Drogar" que findou o serão. Faltaram os obrigatórios "Trovador Entrevado" e o muito justificado "Rio-me de Janeiro"... Mesmo assim, um noite quentinha de prazer e boa disposição muito difícil de igualar pelas nossas bandas e mais uma prova do talento inesgotável de um "verdadeiro artista". Esperamos voltar ao Teatro Garrett para a "Corrente de Escritas" para finalmente ter tempo de experimentar um longínquo e afamado "Arroz de Linguado"... 
Nota: um tal Scott Matthew (infelizmente não o "nosso" Scott Matthews) vai passar por lá a 18 de Abril. Fica o aviso.

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