segunda-feira, 13 de julho de 2015

LAMBCHOP, Festival Curtas, Vila do Conde, 12 de Julho de 2015































E se, por acaso, os Lambchop fossem uma desilusão? E se, também por acaso, uma sala perfeita e um público conhecedor não chegassem para satisfazer as (altas) expectativas? Os acasos da noite de ontem em Vila do Conde são, à distância de umas horas, difíceis de perceber mas, como na vida, incluindo a música, tudo terá uma ou várias explicações. 
O espectáculo até começou acertado com a execução de uma inédita banda sonora para "The Dockworkers Dream" do amigo Bill Morrison, uma "escavação" arqueológica de imagens em movimento do início do século XX nacional resgatadas à Cinemateca Portuguesa, que, notou-se, foi muitas vezes ensaiada e recebeu forte empenhamento e prazer do colectivo. O resultado saiu merecidamente aplaudido pela plateia já que a simbiose de quarenta minutos aliou uma composição moderna e respeitadora do peso simbólico do legado a uma execução sem aparentes falhas, embora o risco assumido tivesse sido mínimo e até calculista.               
Quanto à segunda parte, aquela onde a banda prometia recordar muitas das suas grandes canções editadas ao longo dos últimos 25 anos, o momento pareceu-nos desanimador. Exceptuando algumas tiradas sarcásticas do pianista Tony Crow que cortaram parte da madorra instalada, os temas eleitos não sofrem contestação (ok, faltou o "Soaky in the Popper" e o "It's a Woman"...), mas como foi possível que, por exemplo, "The Old Gold Shoe" e até os pré-iluminados "Grumpus", "The Book I Haven't Read", "What Else Could It Be" ou "The New Cobweb Summe" soassem tão maçadores e arrastados por uma onda demasiado relaxada e cansada? Numa entrevista saída no próprio dia no "Diário de Notícias" a propósito desta vinda a Vila do Conde, Kurt Wagner mostrava-se entusiasmado com o retorno de William Tyler, guitarrista e compositor de eleição que reintegra (?) a corrente banda mas que, sem explicações, não compareceu no concerto. A sua falta talvez explique que a guitarra eléctrica que Wagner sustenta nas fotografias de cima, apesar de dedilhada, não chegou a ser ouvida na sala entre várias chamadas de atenção de parte do público parcialmente desiludido. Claro que houve o "Up With People" e uma versão, já no encore, de "Young Americans" de Bowie, recebidas de braços abertos mas que não disfarçaram um travo insosso engolido em seco...       

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