sexta-feira, 10 de junho de 2016

U.S. GIRLS+WILD NOTHING+DEERHUNTER+JULIA HOLTER+SIGUR RÓS+PARQUET COURTS+ANIMAL COLLECTIVE, Primavera Sound Porto, Parque da Cidade, 9 de Junho de 2016















Quinta edição, quinta presença. É impossível, enquanto durar, perder o Primavera Sound no Porto e estas são as nossas impressões, desabafos e, alguns, contentamentos...  

Coube a Meghan Remy e as suas U.S. Girls abrir o palco maior do festival. Podia ter corrido melhor mas atendendo ao enorme desafio que tinha pela frente a encomenda chegou pelo menos a alguns destinos. O disco "Half Free" é excelente mas ali, ao ar livre, alguma da subtileza acabou entre o vento e as nuvens negras quando precisavam era de noite ou até madrugada. Momento alto: uma distribuição/lançamento de flores no final pelo público e parceiros em palco e respectiva limpeza do recinto com vassoura!





Coincidência: mesmo palco e mesma hora para os Wild Noting de Jack Tatum, repetindo a presença de 2013. Há álbum novo, "Life Of Pause", consistente e tentador mas foram os temas antigos a fazer as delícias de velhos fãs e novos adeptos entretanto seduzidos. Mesmo sem um grande som de palco - faltou mais voz - isto é pop luxuoso e em que se deve apostar de olhos fechados, postura tão ao gosto e jeito do próprio Tatum. Mesmo assim, a primeira vez foi melhor.



Outro repetente, sozinho como Atlas Sound (2012) ou com os Deerhunter (2013), Bradford Cox é agora o "dream captain" assumido e sem ressabiamentos do colectivo. Pareceu-nos, ainda, um palco demasiado grande para a sua música mas a oportunidade confirmou que muitos, a maior parte, sabe de cor as líricas e arranjos das canções o que, às tantas, obriga mesmo a que plateia seja ampliada. Fica a incógnita: se voltarem, vão ser cabeças de cartaz?    



Protegida aqui pela casa, amada mesmo pelo seu talento, Julia Holter não tinha nada a perder. Um recinto cheio, expectante, concentrado, tinha na apresentação ao vivo de "Have You My Wilderness" um baptismo colectivo tendo em conta que, pelo menos a norte, poucos tiveram acesso a tamanha felicidade. Notável a voz, os arranjos do trio acompanhante, a serenidade contida e, mesmo assim, soube a pouco. Ainda não foi desta que a versão das versões de "Hello Stranger" (Barbara Lewis) acabou no alinhamento e, por isso, o sofá da sala lá de casa estará eternamente disponível para a ocasião. Que não demore!  





Perdemos o rasto ao último concerto dos Sigur Rós onde estivemos (Coliseu do Porto, 2002?) e, se na altura, a comemoração nos pareceu merecida e comovedora, ali na imensidão do espaço natural e a longa distância, começando bem, foram perdendo vapor. Ao jeito acústico, atrás de uma estrutura rectilínea, agarraram pela surpresa a plateia algo fanática mas quando saltaram para a frente do palco a magia pareceu esvair-se entre uma cenografia, essa sim, brilhante. Só no encore voltaria a ser, dificilmente, encontrada...  









Nada como um pouco de agitação para abanar a madorra. Os Parquet Courts destravados, enfrentando a chuvinha miúda entre algumas provocações, não demoraram muito tempo para ligar a energia na corrente certa. Eficácia a toda a prova, o freio nervoso acabou por resultar e bater de frente mesmo para os que, como nós, nos deitamos debaixo de uma árvore para evitar a roupa molhada. Devíamos, isso sim, ter ido era para a molhada!    



Os Animal Collective ou se amam ou se odeiam, ouvimos dizer. Sem radicalismos, que isto da pop é incerto e as teses não têm júri, gostamos bastante da apresentação multi-colorida e atractiva destes poli-ritmados inovadores, o que nos reconciliou com um amargo de boca já antigo (Cinema Batalha, 2008) que se mantinha atravessado. Uma viagem de vozes e sons em desafio contínuo a que se aliou um notável jogo cenográfico adequadamente infantil, um colorido a que é difícil resistir. Muito à frente, diriam outros...        




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